Os Europeus
OS EUROPEUS, de Howard Barker
17 a 20 de março 2016
Projeto Texto Contemporâneo dos alunos do 3º ano (turmas VXZ)
Cursos:
Interpretação;
Cenografia, Figurinos e Adereços;
Luz, Som e Efeitos Cénicos
ACE Escola de Artes, 2015/16
“Os Europeus”
O projeto de texto contemporâneo é o último que as turmas desenvolvem em conjunto na escola. É quando aplicam todos os conhecimentos adquiridos durante o desenrolar dos seus cursos, se articulam como equipa de trabalho na sua forma mais depurada, se preparam mais consistentemente e testam as suas valências ao mais alto nível antes das suas Provas de Aptidão Profissional, prova com que fecham o seu ciclo de estudos e estão aptos para o mundo profissional.
Este ano, a escolha do texto para o desenvolvimento do projeto recaiu sobre “Os Europeus” de Howard Barker. Texto denso, de características muito particulares, que serve como desafio para a confrontação dos alunos com os modos de escrita e do pensar da dramaturgia contemporânea.
“Está frio, é a Europa!”
Barker, instigado a escrever sobre a Europa, num texto encomendado pela Royal Shakespeare Company, que o recusou e considerou inadequado para o seu público, impõe ao espectador um olhar sobre o cerco de Viena de 1683, mas não lhe requer um profundo conhecimento sobre a História. Escreve “Os Europeus” à luz de uma guerra santa, a que opôs cristãos a muçulmanos (tantas vezes e também) no séc. XVII. E é a partir desse acontecimento, desastre, que nos fala das vidas humanas, do que lhes acontece quando sitiadas, sem ter para onde fugir, sem ter o que fazer senão procurar comida, sem ter o que pensar senão na sua mais elementar sobrevivência. E expõe as fraquezas, expõe as feridas, expõe a ganância e a soberba, expõe o corpo in extremis e as suas ações irracionais, revela as forças mais endémicas da natureza humana. E coloca-nos a todos nós tão perto do nada que podemos tudo. Só falharemos no amor.
Não há virtude, neste texto de Barker, não há heróis, não há vencedores nem vencidos. Há apenas o que sobra, os escombros, as ruínas. E há uma irrevogável necessidade de o expor. Somos muitas vezes obrigados ao lugar de voyeur. Não é só como se apenas uma cidade tivesse sido arrasada, são os pilares de uma sociedade, dita civilizada, que são abatidos. É como se ficássemos sem leis, sem regras, sem controlo. É como se ficássemos apenas com o que nos move individualmente e que está sempre em confronto com o outro, com a (ir)responsabilidade do outro. É como se ficássemos sem pele, expostos e do avesso. É como se chegássemos onde temos estado sempre: entregues a nós mesmos. Morreremos sós, sem “som de violinos”. “E porque não?” Não teremos sempre vivido assim? Apenas com o que subsiste, de corpos esfolados e de espíritos atormentados pela existência.
“Lutas para amar”
Demos voltas ao texto. Olhámos para o passado e falámos sempre do (nosso) presente, da nossa condição. Quisemos que este texto fosse um miradouro para deitarmos um olhar sobre as nossas ruínas e sobre o que estamos a construir. Um olhar sobre a Europa e sobre o Mundo. Mas um olhar sobre nós mesmos, enquanto humanos simples. Humanos que “lutam para amar” e que falham sempre. Barker não nos apresenta uma solução, não nos indica uma saída, mantém-nos no lugar da “ausência de Deus” para que, talvez, procuremos alguma coisa. AJ
17 a 20 de março 2016
Projeto Texto Contemporâneo dos alunos do 3º ano (turmas VXZ)
Cursos:
Interpretação;
Cenografia, Figurinos e Adereços;
Luz, Som e Efeitos Cénicos
ACE Escola de Artes, 2015/16
“Os Europeus”
O projeto de texto contemporâneo é o último que as turmas desenvolvem em conjunto na escola. É quando aplicam todos os conhecimentos adquiridos durante o desenrolar dos seus cursos, se articulam como equipa de trabalho na sua forma mais depurada, se preparam mais consistentemente e testam as suas valências ao mais alto nível antes das suas Provas de Aptidão Profissional, prova com que fecham o seu ciclo de estudos e estão aptos para o mundo profissional.
Este ano, a escolha do texto para o desenvolvimento do projeto recaiu sobre “Os Europeus” de Howard Barker. Texto denso, de características muito particulares, que serve como desafio para a confrontação dos alunos com os modos de escrita e do pensar da dramaturgia contemporânea.
“Está frio, é a Europa!”
Barker, instigado a escrever sobre a Europa, num texto encomendado pela Royal Shakespeare Company, que o recusou e considerou inadequado para o seu público, impõe ao espectador um olhar sobre o cerco de Viena de 1683, mas não lhe requer um profundo conhecimento sobre a História. Escreve “Os Europeus” à luz de uma guerra santa, a que opôs cristãos a muçulmanos (tantas vezes e também) no séc. XVII. E é a partir desse acontecimento, desastre, que nos fala das vidas humanas, do que lhes acontece quando sitiadas, sem ter para onde fugir, sem ter o que fazer senão procurar comida, sem ter o que pensar senão na sua mais elementar sobrevivência. E expõe as fraquezas, expõe as feridas, expõe a ganância e a soberba, expõe o corpo in extremis e as suas ações irracionais, revela as forças mais endémicas da natureza humana. E coloca-nos a todos nós tão perto do nada que podemos tudo. Só falharemos no amor.
Não há virtude, neste texto de Barker, não há heróis, não há vencedores nem vencidos. Há apenas o que sobra, os escombros, as ruínas. E há uma irrevogável necessidade de o expor. Somos muitas vezes obrigados ao lugar de voyeur. Não é só como se apenas uma cidade tivesse sido arrasada, são os pilares de uma sociedade, dita civilizada, que são abatidos. É como se ficássemos sem leis, sem regras, sem controlo. É como se ficássemos apenas com o que nos move individualmente e que está sempre em confronto com o outro, com a (ir)responsabilidade do outro. É como se ficássemos sem pele, expostos e do avesso. É como se chegássemos onde temos estado sempre: entregues a nós mesmos. Morreremos sós, sem “som de violinos”. “E porque não?” Não teremos sempre vivido assim? Apenas com o que subsiste, de corpos esfolados e de espíritos atormentados pela existência.
“Lutas para amar”
Demos voltas ao texto. Olhámos para o passado e falámos sempre do (nosso) presente, da nossa condição. Quisemos que este texto fosse um miradouro para deitarmos um olhar sobre as nossas ruínas e sobre o que estamos a construir. Um olhar sobre a Europa e sobre o Mundo. Mas um olhar sobre nós mesmos, enquanto humanos simples. Humanos que “lutam para amar” e que falham sempre. Barker não nos apresenta uma solução, não nos indica uma saída, mantém-nos no lugar da “ausência de Deus” para que, talvez, procuremos alguma coisa. AJ
OS EUROPEUS, de Howard Barker
Encenação ANTÓNIO JÚLIO
Coordenação de Cenografia e Adereços de Cena CRISTÓVÃO NETO
Coordenação de Figurinos e Adereços de Ator CATARINA BARROS
Coordenacão de Luz MÁRIO BESSA
Coordenação de Som LUÍS ALY
Assistência de Encenação CATARINA CARREIRA
Assistência de Cenografia FILIPE MENDES
Execução de Guarda-roupa MESTRA MARIA DA GLÓRIA COSTA
Direção técnica PEDRO VIEIRA CARVALHO
Coordenação de palco FÁBIO FERREIRA e ZÉ DIOGO CUNHA
Vídeo NUNO MATOS e TUNDRA FILMES
Fotografia JÚLIO MOREIRA
Divulgação NUNO MATOS e RAQUEL SOUSA
Produção GLÓRIA CHEIO
Estagiária de Produção BEATRIZ MARQUES
Colaboração BRUNO CÉSAR
Agradecimentos MARIA DO CÉU RIBEIRO, SANDRA SALOMÉ, WAGNER BORGES
ALUNOS
Interpretação
André Sousa – STARHEMBERG; JEMAL PAXÁ
Bruno Miguel Almeida – GRUNDFELT; 3º MENDIGO
Carlos Batista – OFICIAL; 2º MENDIGO
Catarina de Pinho – 2ª MÃE; PARTEIRA
Catarina de Sousa – IPSTEIN; 2ª MENDIGA; ARST
Clara Cunha Reis – STARHEMBERG
Cláudia Sofia Santos – KATRIN
Eduarda Castro – FALLENGOT; 1º MENDIGO; FELIKS
Filipa Xavier – PINTOR
Francisca Ribeiro – IMPERATRIZ
Henrique Pizarro – STARHEMBERG
Hugo Pereira – ORPHULS
Iuri Santos – LEOPOLDO
Joana Mont’Alverne – KATRIN
José Carlos Monteiro – PINTOR; 4º MENDIGO; OFICIAL
Leonor Plácido – SUSANNAH
Luís Silva Barreto – STARHEMBERG
Marco Teixeira – ORPHULS
Mariana Silva – HARDENSTEIN; 1ª MENDIGA; BOMBERG
Marta de Baptista – FREIRA; BRUSTEIN; STENSH
Patrícia Garcez – IMPERATRIZ
Pedro Couto – LEOPOLDO
Rita Duque – KATRIN
Rute Silva – SUSANNAH
Sara Pinto – SUSANNAH
Sofia Abreu – 1ª MÃE
E todos lutam para amar.
Cenografia
Ana Monteiro, Ana Rocha, Alex Somaio ,Catarina Verdelho, Francisca Cruz, Teresa Freitas, Rita Rodrigues, Sofia Matos Rocha
Figurinos
Beatriz Martino, Bruna Gonçalves, Catarina Teixeira, Inês Pacheco, Jéssica Pinto, Marine Santos, Matilde Castro, Sandra Silva
Luz
Inês Ferreira, João Carvalho, Keslley Henrique, Marta Coutinho, Tiago Silva
Som
Miguel Rocha, Pedro Sousa
Encenação ANTÓNIO JÚLIO
Coordenação de Cenografia e Adereços de Cena CRISTÓVÃO NETO
Coordenação de Figurinos e Adereços de Ator CATARINA BARROS
Coordenacão de Luz MÁRIO BESSA
Coordenação de Som LUÍS ALY
Assistência de Encenação CATARINA CARREIRA
Assistência de Cenografia FILIPE MENDES
Execução de Guarda-roupa MESTRA MARIA DA GLÓRIA COSTA
Direção técnica PEDRO VIEIRA CARVALHO
Coordenação de palco FÁBIO FERREIRA e ZÉ DIOGO CUNHA
Vídeo NUNO MATOS e TUNDRA FILMES
Fotografia JÚLIO MOREIRA
Divulgação NUNO MATOS e RAQUEL SOUSA
Produção GLÓRIA CHEIO
Estagiária de Produção BEATRIZ MARQUES
Colaboração BRUNO CÉSAR
Agradecimentos MARIA DO CÉU RIBEIRO, SANDRA SALOMÉ, WAGNER BORGES
ALUNOS
Interpretação
André Sousa – STARHEMBERG; JEMAL PAXÁ
Bruno Miguel Almeida – GRUNDFELT; 3º MENDIGO
Carlos Batista – OFICIAL; 2º MENDIGO
Catarina de Pinho – 2ª MÃE; PARTEIRA
Catarina de Sousa – IPSTEIN; 2ª MENDIGA; ARST
Clara Cunha Reis – STARHEMBERG
Cláudia Sofia Santos – KATRIN
Eduarda Castro – FALLENGOT; 1º MENDIGO; FELIKS
Filipa Xavier – PINTOR
Francisca Ribeiro – IMPERATRIZ
Henrique Pizarro – STARHEMBERG
Hugo Pereira – ORPHULS
Iuri Santos – LEOPOLDO
Joana Mont’Alverne – KATRIN
José Carlos Monteiro – PINTOR; 4º MENDIGO; OFICIAL
Leonor Plácido – SUSANNAH
Luís Silva Barreto – STARHEMBERG
Marco Teixeira – ORPHULS
Mariana Silva – HARDENSTEIN; 1ª MENDIGA; BOMBERG
Marta de Baptista – FREIRA; BRUSTEIN; STENSH
Patrícia Garcez – IMPERATRIZ
Pedro Couto – LEOPOLDO
Rita Duque – KATRIN
Rute Silva – SUSANNAH
Sara Pinto – SUSANNAH
Sofia Abreu – 1ª MÃE
E todos lutam para amar.
Cenografia
Ana Monteiro, Ana Rocha, Alex Somaio ,Catarina Verdelho, Francisca Cruz, Teresa Freitas, Rita Rodrigues, Sofia Matos Rocha
Figurinos
Beatriz Martino, Bruna Gonçalves, Catarina Teixeira, Inês Pacheco, Jéssica Pinto, Marine Santos, Matilde Castro, Sandra Silva
Luz
Inês Ferreira, João Carvalho, Keslley Henrique, Marta Coutinho, Tiago Silva
Som
Miguel Rocha, Pedro Sousa