Auto das Virtudes
Desenvolvido a partir dos textos Auto da Feira, Farsa de Inês Pereira, Auto da Índia, Auto dos Físicos, Velho da Horta e Auto da Festa. O objectivo da dramaturgia que aqui se apresenta é, correspondendo ao espírito vicentino, assumir as histórias amorosas segundo uma perspectiva menos virtuosa. Tendo como trama principal o Auto da Feira, em que de entre as tendas há a que vende virtude e a que vende pecado (de que todos já são servidos), vai-se saltando para dentro das casas de figuras como Inês Pereira, que busca homem “avisado” e “discreto no falar”, a Ama adúltera que já não espera que o marido regresse das Índias ou o Clérigo doente de amor, e vamo-nos cruzando com homens que desgostosos dos casamentos que fizeram, combinam trocar de parceiras, velhos devassos que seduzem raparigas e mulheres cegas pela luxúria.
Tal como em muita da literatura da época assistimos aqui à frenética ruptura entre a moral/amor espiritual da época medieval e a valorização do sensualismo vicentino. É a natureza que dita as leis, menos virtuosas e bem pouco sobre-naturais, da conduta humana. Pela mão inspirada de Gil Vicente, mão esta impiedosa e temerária no que toca em demonstrar os vícios dos outros, desenhamos uma sucessão de quadros e episódios versáteis sobre a dinâmica amorosa. É um Gil Vicente satírico e bem pouco apologético que apresentamos no Auto das Virtudes, promovendo esse riso correctivo que é também sinónimo da mais pura alegria em palco.
textos: Gil Vicente
direcção artística e direcção de actores: António Júlio
dramaturgia: António Júlio e Gabriela Poças
coordenação da cenografia: José Barbieri
coordenação de figurinos: Lola Sousa
coordenação de luz: Pedro Vieira de Carvalho
coordenação de som: João Rupio
direcção de cena: Alice Prata
coordenação técnica: Fábio Ferreira e Cárin Geada
apoio a coordenação plástica: Cristina Costa
apoio adereços: Susete Rebelo
apoio som: Luís Aly
apoio voz: Maria do Céu Ribeiro
apoio canto: Sissa Afonso
execução guarda roupa: Maria da Glória Costa
produção: Glória Cheio
interpretação: Bruno Vieira, Mafalda Correia, Sofia Oliveira, Tiago Jácome, Gonçalo Ferreira, Inês Garrido, Susana Brandão, Pedro Emanuel, Alice Freitas, Sara Inês Gigante, Clarisse Fernandes, Samuel Ferreira, Joana Lemos, Kirsa Hossi, Diana Sousa, João Carvalho, Marco Ribeiro Santos, Isadora Monteiro, Catarina Joele, Ricardo Ferreira, João Cravo Cardoso, Margarida Gomes Santos, Maria Luís.
cenografia: Andreia Vieira da Silva, Hugo Santos, Renato Ribeiro, Rita Silva, Sara Cerqueira, Débora Torres, Bertino Silva, Samantha Ferreira.
figurinos: Eloísa D’Ascensão, Maria Simões, Inês Paiva, Tânia Garcês, Joana Abreu, Gustavo Rebelo, Daniela Castro, Bárbara Amorim
luz: Adriano Costa, Ricardo Catarino, Tiago Pinho, Hugo Moedas, Guilherme Silva, Rafael Cortés
som: Luís Santos, Pedro Delfim, Tiago Sousa, Nelson Alves, Valter Araújo, Ricardo Salsa
direcção de cena: Fábio Monteiro, Francisco Correia